Participantes de solene defendem que Brasil priorize combate à violência de gênero

Participantes da sessão solene em homenagem ao dia internacional de combate à violência contra a mulher defenderam que o Estado brasileiro dê prioridade ao enfrentamento da violência de gênero. A Organização das Nações Unidas comemora a data no dia 25 de novembro em referência ao assassinato de três mulheres, conhecidas como “Las Mariposas”, pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Maia e Arruda: estatísticas assustadoras e cobrança de medidas concretas para reduzir a violência doméstica

A deputada Flávia Arruda (PL-DF), que solicitou a realização da homenagem, destacou o aprimoramento da legislação sobre o tema, mas afirmou que a prevenção é fundamental para diminuir as estatísticas de violência. Ela citou dados que mostram que uma mulher é estuprada a cada 11 minutos e que, só em 2017, quase cinco mil mulheres foram assassinadas.

“Mais uma vez as estatísticas aterrorizam e envergonha. Vivemos em um ambiente perverso para com as mulheres. O patriarcado dividiu o mundo entre homens e mulheres e negligenciou complementariedade. Restringiu os direitos que nos cabem. A violência seja física ou psicológica ao lado do assédio sexual vem ao lado dessa cultura nefasta e equivocada”, disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também participou da sessão solene cobrou medidas concretas para que o atual cenário seja superado.

Recursos
O juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Ben-Hur Viza, afirmou que investir recursos no combate à violência de gênero vai estimular uma cultura de paz no País.

“Quando você protege uma mulher da violência, você ensina que é possível uma resposta diversa nas contrariedades: a prevenção é uma prevenção contra a violência na sociedade”, afirmou Viza sugerindo que o dinheiro gasto em grandes obras sejam investidos no combate à violência doméstica contra a mulher.

Racismo e violência doméstica
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) destacou ainda o componente de racismo na violência de gênero. Segundo Ramos, 61% das mulheres assassinadas são negras.

“A biografia da Maria da Penha tem como título 'Sobrevivi, posso contar'. Quantas mulheres vão sobreviver para poder contar? Essa não é uma luta só de mulheres”, disse Ramos.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o combate à violência doméstica não é uma luta menor e ressaltou que o tema precisa ser enfrentado por todos na sociedade.

“Precisamos que nós sejamos donos das nossas vidas, dos nossos corpos. O nosso 'não' não pode passar pelo crivo do homem. A mulher não pode ter medo de ir para casa. É uma tortura a violência doméstica", discursou Kokay.

Manifestação
O gramado do Congresso Nacional também foi palco de manifestação das mulheres contra a violência de gênero. Nesta manhã, centenas de cruzes foram colocadas ali em referência às mulheres mortas em 2018.

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