Participantes de seminário criticam criminalização da política e da justiça nas redes sociais

Durante o Seminário Política, Democracia e Justiça realizado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (26), deputados e especialistas criticaram a criminalização da política e da justiça nas redes sociais.

O jurista Lenio Streck citou a criminalização do Supremo Tribunal Federal (STF) com o julgamento relativo à prisão após condenação em segunda instância. Membros do STF foram duramente criticados após a decisão que resultou na libertação do ex-presidente Lula. Streck esclareceu, no entanto, que o Supremo não proibiu essa prisão, apenas disse que ela precisa preencher certos requisitos para não ferir a cláusula pétrea da Constituição da presunção de inocência.

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Marcos Pereira e Rodrigo Maia participam da abertura do seminário

O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) também deu exemplos de criminalização da política nas redes sociais. Segundo ele, muitos políticos são acusados na internet simplesmente por se reunirem com representantes interessados em determinada proposta.

Distorção
Em painel sobre a mídia, o deputado Fábio Trad (PSD-MS) criticou uma parte do noticiário que estaria tratando acusações criminais de maneira “militante”. “São quatro ou cinco minutos para a exposição acusatória e 5 ou 10 segundos no máximo para a defesa. Eu vejo aí uma distorção. Por que não haver um certo escrúpulo no sentido de fazer com que a mídia exponha, em tempo pelo menos equânime, o que a acusação produziu e o que a defesa tem também a dizer?”, indagou.

Diretor do jornal digital Poder 360, Fernando Rodrigues disse que existe uma crise do jornalismo, com redução de equipes; mas também apontou defeitos na atividade como uma excessiva dependência de fontes estatais. “Na América Latina, são incontáveis as reportagens que foram executadas apenas lendo documentos que foram produzidos pela tão conhecida operação Lava Jato. Sem nenhuma investigação adicional por parte de jornalistas”, reconheceu.

Rodrigues lamentou que essas notícias tenham sido publicadas sem o devido cuidado. “Hoje estamos sabendo que vários desses documentos, sobretudo algumas delações premiadas, contêm informações que mereceriam muito mais cuidado antes de serem publicados”, completou.

AI-5
O 1º vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), também condenou o fato de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ter citado a possibilidade de um novo AI-5 caso surjam protestos de rua no Brasil, como os que estão ocorrendo em outros países da América do Sul. Pereira participou ao lado de Rodrigo Maia da abertura do seminário.

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